domingo, 11 de março de 2012



Comunicado

Queridos irmãos,

Após as recentes manifestações ao redor de minha pregação no dia 20 de fevereiro de 2012, durante o 26º Vinde e Vede, pedi ao senhor Arcebispo para me ausentar de Cuiabá durante esta semana e procurar conselho espiritual e assistência jurídica.

Agora que o senhor Arcebispo se manifestou super partes no sentido de paz e de reconciliação, sinto o dever de comunicar o seguinte:

1) Lamento que as minhas palavras tenham sido mal interpretadas;

2) Penso que seja esclarecedor que as pessoas levem em consideração as circunstâncias da pregação. Aquele dia do encontro era voltado para a espiritualidade do Movimento Sacerdotal Mariano, fundado em 1972 pelo Padre Stefano Gobbi. O áudio de toda a pregação foi postado na internet, link aqui, e nele se pode notar o contexto em que aquelas palavras foram pronunciadas. Note-se, por exemplo, que me incluo sempre entre os padres pecadores e que a finalidade daquelas palavras era levar as pessoas à oração pela santificação dos sacerdotes. É sabido que um dos principais carismas do Movimento Sacerdotal Mariano é a oração pela santificação dos sacerdotes;

3) Sem querer acrescentar uma ferida àquelas já abertas, mas também sem dissimular minha posição, devo atestar que não me reconheço na imagem que foi apresentada de minha pessoa, de meu pensamento e de meu ministério;

4) Reconheço que as pessoas têm o direito de questionar a prudência e a oportunidade de uma pregação como aquela. Não tenho pretensão de estar sempre certo em minhas decisões práticas. Mas continua sendo minha opinião, aberta ao questionamento e à revisão, que seja uma verdadeira caridade para com os fiéis adverti-los para o fato de que a Igreja luta atualmente contra uma crise do clero. Sou da posição que, neste caso, o escândalo do silêncio seria muito maior do que a sincera e honesta admissão do problema, por doloroso que isto seja;

5) Que esta crise do clero não atinja todos os padres, com ou sem batina, me parecia uma coisa tão óbvia, que não achei necessário comentar. Mas prometo ser mais cauteloso no futuro. É evidente que eu não tinha pretensão de expor naquela breve palestra toda minha visão a respeito do atual estado do clero católico. Creio que os numerosos fiéis que me acompanharam nestes 20 anos de ministério viram em mim um padre que, reconhecendo os próprios pecados, procura amar a Igreja em geral e o sacerdócio em particular. Foi à formação de irmãos no sacerdócio que dediquei as melhores energias de minha vida;

6) É importante também ressaltar que de minha parte não pretendo divulgar os nomes dos 27 signatários da carta. Cumpre, porém, ressaltar o seguinte: não é verdade que o clero incardinado em Cuiabá se revoltou em massa contra minhas posições. Para uma mais exata avaliação da realidade divulgo apenas que são 5 padres diocesanos incardinados em Cuiabá, 5 em outras circunscrições e 17 religiosos;

7) Quanto à reconciliação e à restauração da justiça, serão dados passos pastorais e, se necessário, jurídicos. Mas não creio que a internet seja o lugar apropriado para este caminho de reparação. Sei que nos tempos do Big Brother, do Twitter e do Facebook minha visão pode parecer antiquada. Peço, no entanto, que compreendam minha opção de silêncio, ao menos até a solução final que, uma vez alcançada, comunicarei aos amigos;

8) Esta comunicação não seria completa sem que terminasse num agradecimento de coração pelos inúmeros e variados sinais de amizade, confiança e solidariedade que recebi. A todos um sincero e comovido “Deus lhes pague!”

Nestes dias, o nosso site recebeu um número imenso de mensagens oferecendo apoio de toda espécie: orações, jejuns, sacrifícios e provas sinceras de amor e estima. Meu celular não parava de tocar e de receber SMS. Foram literalmente milhares de fiéis, centenas de sacerdotes, alguns bispos e amigos de várias proveniências (um bispo anglicano, vários pastores evangélicos, cristãos em geral e até agnósticos!).

Uma palavra especial para os inúmeros blogs e páginas da internet que manifestaram o seu apoio. Com toda sinceridade não sei como expressar o peso da gratidão a não ser reconhecendo que lhes sou muito obrigado.

Agradeço ao meu Arcebispo pela paciência e o carinho paterno manifestado a ambas as partes envolvidas neste triste episódio.

Quanto a meus pais e minha família… não tenho palavras. No céu vocês verão o meu coração.

Espero poder corresponder, com a graça de Deus, a toda esta expectativa. Asseguro que todos estão muito presentes em minha Eucaristia diária. Continuemos unidos na gratidão a Deus, à Virgem Maria, aos anjos e aos santos de nossa devoção. Continuem a interceder por esta nossa luta e que Deus abençoe a todos.

Várzea Grande, 11 de março de 2012.

Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


CATEQUESE DO PAPA BENTO XVI
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Queridos irmãos e irmãs,

Na nossa escola de oração, quarta-feira passada, falei sobre a oração de Jesus na cruz que foi extraída do Salmo 22: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes? Agora gostaria de continuar a meditar sobre a oração de Jesus na cruz, na iminência da morte, gostaria de deter-me hoje sobre a narração que encontramos no Evangelho de São Lucas. O Evangelista nos transmitiu três palavras de Jesus sobre a cruz, duas das quais – a primeira e a terceira – são orações voltadas explicitamente ao Pai. A segunda, ao contrário, é constituída da promessa feita ao chamado bom ladrão, crucificado com Ele; respondendo, de fato, à oração do ladrão, Jesus o assegura: “Em verdade eu te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Luc 23,43). Na narração de Lucas se entrelaçam  sugestivamente as duas orações que Jesus morrendo endereça ao Pai e a acolhida da suplica que a Ele é dirigida pelo pecador arrependido. Jesus invoca o pai e também escuta a oração daquele homem que é geralmente chamado latro poenitens, o ladrão arrependido.

Detenhamos-nos sobre estas três orações de Jesus. A primeira ele a pronuncia depois de ter sido pregado na cruz, enquanto os soldados dividem as suas vestes como triste recompensa pelo serviço deles. Num certo sentido é com este gesto que se conclui o processo da crucificação. Escreve São Lucas: “Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, crucificaram-no e os malfeitores, um à direita e o outro à esquerda. Jesus Dizia: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem. Depois, dividindo suas vestes, tiraram a sorte sobre elas” (23,33-34). A primeira oração de Jesus voltada ao Pai é de intercessão: pede o perdão pelo próprios algozes. Com isto, Jesus cumpre pessoalmente aquilo que havia ensinado no discurso da montanha quando disse: “A vós que escutais, eu digo: amais os vossos inimigos, façais o bem àqueles que vos odeiam” (Luc 6,27) e tinha também prometido àqueles que sabiam perdoar: “a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo” (v.35). Agora, da cruz, Ele não somente perdoa os seus algozes, mas se dirige diretamente ao Pai intercedendo em favor deles.

Essa atitude de Jesus encontra uma imitação comovente na narração do apedrejamento de São Estevão, primeiro mártir. Estevão, de fato, próximo do fim, “ajoelhou-se  e gritou em alta voz: “Senhor, não os condenes por estes pecados”. Dito isto, morreu” (At 7, 60) esta foi a sua ultima palavra. O confronto entre a oração de perdão de Jesus e aquela do primeiro mártir é significativo. São Estevão se volta ao Senhor Ressuscitado e pede que o seu assassinato – um gesto definido claramente com “este pecado” - não seja imposto sobre seus assassinos. Jesus sobre a cruz se volta ao Pai e não somente pede perdão para aqueles que o crucificaram, mas oferece também uma leitura daquilo que está acontecendo. Segundo as suas palavras, de fato, os homens que o crucificaram “não sabem aquilo que fazem” (Lc 23,34). Ele coloca, por assim dizer, a ignorância, o não saber, como motivo do pedido de perdão ao Pai, porque esta ignorância deixa aberta a via em direção à conversão, como acontece nas palavras que o centurião pronunciará diante da morte de Jesus: “Verdadeiramente, este homem era justo” (v. 47), era o filho de Deus. “Permanece uma consolação para todos os tempos e por todos os homens o fato que o Senhor esteja ao lado daqueles que verdadeiramente não sabiam -  os algozes – ou daqueles que sabiam e o haviam condenado, coloca a ignorância como motivo do pedido de perdão -  a vê como a porta que pode abrir-nos à conversão” (Jesus de Nazaré, II, 233).

A segunda palavra de Jesus sobre a cruz trazida por São Lucas é uma palavra de esperança, é a resposta à oração de um dos dois homens crucificados com Ele. O bom ladrão diante de Jesus entra em si mesmo e se arrepende, chega à conclusão de encontrar-se diante do Filho de Deus, que torna visível o rosto de Deus, e o pede: “Jesus, recorda-te de mim quanto entrares no teu reino” (V.42). A resposta do Senhor a esta oração vai bem além do pedido, de fato, diz: “Em verdade eu te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (v.43). Jesus é consciente de entrar diretamente na comunhão com o Pai e de reabrir ao homem a via para o paraíso de Deus. Assim através desta resposta dá a firme esperança que a bondade de Deus pode tocar-nos também no último instante da vida e a oração sincera, também depois de uma vida errada, encontra os braços abertos do Pai bom que espera o retorno do filho.

Mas nos voltemos para as ultimas palavras de Jesus que morre. O Evangelista narra: “ Era por volta de meio dia e uma escuridão cobriu toda a terra até as três da tarde, porque o sol parou de brilhar”. O véu do templo se rasgou no meio. Jesus, gritando em alta voz disse: “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito”. Dito isto, expirou. (vv 44-46). Alguns aspectos dessa narração são diferentes em relação ao quadro oferecido por Marcos e Mateus. As três horas de obscuridade em Marcos não são descritas, enquanto em Mateus são ligadas com uma série de diversos acontecimentos apocalípticos, como o terremoto, a abertura dos sepulcros, os mortos que ressuscitam (Mt 27,51-53). Em Lucas, às três horas de obscuridade tem no escurecimento do sol, mas naquele momento aconteceu a laceração do véu do templo. Deste modo, a narração de Lucas apresenta dois sinais, de qualquer modo, paralelos, no céu e no templo. O céu perde a sua luz, a terra se afunda, enquanto que no templo, local da presença de Deus, se parte o véu que protege o santuário. A morte de Jesus é caracterizada explicitamente como evento cósmico e litúrgico, em particular, marca o início de um novo culto, em um templo não construído por homem, porque é o próprio corpo de Jesus morto e ressuscitado, que reúne os povos e os une no Sacramento do Seu Corpo e do seu sangue.

A oração de Jesus naquele momento de sofrimento - “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito” - é um forte grito de extremo e total confiança em Deus. Tal oração exprime a plena consciência de não estar abandonado. E quando os pais, tempos atrás, o haviam manifestado preocupação, Ele havia respondido: “Por que me procurais? Não sabeis que eu devo me preocupar com as coisas de meu Pai?” (Lc 2,49). Do início ao fim, aquilo que determina completamente o sentir de Jesus, a sua palavra, a sua ação, é uma relação única com o Pai. Sobre a cruz, Ele vive plenamente, no amor, esta sua relação filial com Deus, que anima sua oração.

As palavras pronunciadas por Jesus, depois da invocação “Pai”, retomam uma expressão do Salmo 31: “Em tuas mãos confio meu espírito” (Sal 31,6). Estas palavras, portanto, não são uma simples citação, mas manifestam uma decisão firme: Jesus nos entrega ao Pai em um ato total de abandono. Estas palavras são uma oração de confiança, plena de confiança no amor de Deus. A oração de Jesus diante da morte é dramática como é para cada homem, mas, ao mesmo tempo, é invadida por uma calma profunda que nasce da confiança no Pai e pela vontade de entregar-se totalmente a ele. No Getsêmani, quando entrou na luta final e na oração mais intensa e estava para ser entregue nas mãos dos homens (Lc 9,44), a seu suor se tornou como gotas de sangue que caem por terra (Lc 22,44).

Mas o seu coração era plenamente obediente à vontade do pai, e por isto “um anjo céu” veio confortá-lo (Lc 22,42-43). Agora, nos últimos instantes, Jesus  se volta ao Pai dizendo quais são realmente as mãos as quais Ele entrega toda a sua existência. Antes da partida em direção a Jerusalém, Jesus havia insistido com seus discípulos: “Coloquei sem vossas mentes estas palavras: o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens” (Lc 9,44). Agora, quem a vida está para deixá-lo, Ele sela na oração a sua ultima decisão: Jesus se deixou entregar nas mãos dos homens, mas é nas mãos do Pai que Ele coloca o seu espírito; assim – como afirma o Evangelista João – tudo é consumado, o supremo ato de amor é levado até o fim, ao limite e além do limite.

Queridos irmãos e irmãs, as palavras de Jesus sobre a cruz nos últimos instantes da sua vida terrena oferecem indicações precisas para a nossa oração, mas a abrem também para uma serena confiança e uma firme esperança. Jesus que pede ao Pai de perdoar aqueles que o estão crucificando , nos convida ao difícil gesto de rezar também por aqueles que nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre, afim que a luz de Deus possa iluminar o coração deles, e nos convida a viver, na nossa oração, a mesma atitude de misericórdia e de amor que Deus tem em relação a nós: “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”, dizemos todos os dias no “Pai Nosso”. Ao mesmo tempo, Jesus, que no momento extremo da morte se confia totalmente nas mãos de Deus Pai, nos comunica a certeza que, por mais que sejam duras as provas, difíceis os problemas, não cairemos mais fora das mãos de Deus, aqueles mãos que nos criaram, nos sustentam e nos acompanham no caminho da existência, guiados por um amor infinito e fiel. 

Obrigado!














sábado, 11 de fevereiro de 2012

Nova ministra compara aborto com dengue. É das declarações mais assustadoras que já vi sobre o tema


Demorou cinco minutos para que a nova ministra das Mulheres deixasse clara sua preferência programática: o aborto. Ao menos, essa é a pauta que ela fez questão de enaltecer em sua primeira entrevista coletiva. Eis uma de suas frases: "O aborto, como sanitarista, tenho que dizer, ele é uma questão de saúde pública, não é uma questão ideológica. Como o crack, as drogas, a dengue, o HIV, todas as doenças infectocontagiosas".
Vamos por partes. Invocar a condição de sanitarista para tratar do assunto já é algo, deveras, temerário. Não existe aborto “como sanitarista”, “como isso”, “como aquilo”. Aborto é aborto em toda sua crueza – sanitária num aspecto secundário, mas humana no que mais importa. A condição profissional da ministra não permite uma visão essencial e excludente sobre a questão.
O tema é da sociedade. Diz com os direitos humanos, ou melhor, com o mais essencial deles: a vida. Diz com a filosofia, com a antropologia, com o mundo jurídico e com todas as áreas de conhecimento.
Diz também com religião – sim, senhora ministra! –, porque quem dobra joelhos em nome de uma fé não está excluído aprioristicamente do debate político, ao contrário do que pregam alguns intolerantes travestidos de plurais. A história mostra, a propósito, a relevante contribuição das religiões, e mais especificamente do cristianismo, para o direito e para a civilização.
Aborto diz também com ideologia, ora bolas. Quem entende o feto como matéria – tão-somente matéria, parte do corpo da mulher, tal qual uma unha encravada ou uma doença infectocontagiosa – reproduz, inequivocamente, uma visão ideológica: a de que a realidade humana não possui uma dimensão transcendental, espiritual. A aceitação ou não desses pressupostos está na raiz das principais linhas ideológicas vigentes até hoje.
Por fim, a comparação, a assustadora comparação do aborto com o HIV, o crack, as drogas, a dengue e todas as doenças infectocontagiosas. É a mais fria redução do feto humano que já vi. Não querer reconhecê-lo como vida, apesar de já possuir um código genético exclusivo, é uma postulação que já reúne muitos adeptos. Mas categorizar sua extirpação ao lado dessas outras patologias é até mesmo um acinte à inteligência e à capacidade de discernimento das pessoas. O aborto não pode ser discutido na mesma categoria da dengue, senhora ministra.
E não! Não digam que ela quis dizer outra coisa mais amena. Quis dizer é mais. Para além das palavras, sua mensagem propõe uma assimilação do aborto como prática corriqueira. E ressoa no sentido de naturalizar o combate ao feto. Pobre e indefeso feto. É a “sanitarização” da vida humana: limpa o feto dali!
Ademais, será essa a pauta prioritária das mulheres do Brasil? Presidente Dilma, vale o que disseste na entrevista para a revista Marie Claire e Folha de São Paulo ou na campanha?


Por Cléber Benvegnú
*Cleber Benvegnú, jornalista e dvogado, apresenta reflexões instigantes – e quase sempre incomuns – sobre política, comportamento, cultura, comunicação, direito e outros assuntos do cotidiano. O blog também tem notícias e sugestões. E-mail: sensoincomum@cleberbenvegnu.com.br

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aleivosias; Ou: Da manifestação #contraoaborto

A última pesquisa Vox Populi demonstrou que a maioria esmagadora do povo brasileiro (82%) é contrário ao aborto. Entre os entrevistados, o grupo das mulheres apontou uma rejeição ao aborto maior que o grupo dos homens. Ainda assim, a presidente Dilma escolheu para ocupar o Ministério de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, uma ferrenha defensora da matança de bebês nascituros. Uma defensora que concebe a prática do aborto como de livre escolha, sem qualquer amarra ética, moral ou humanitária. Uma legítima abortista entronada no mais alto posto representativo das mulheres desta república.

Durante sua candidatura a presidente enfrentou críticas de que seria favorável ao aborto e, para isso, mobilizou um verdadeiro pelotão para desmentir tal versão. Buscou apoio de algumas lideranças católicas e evangélicas que prontamente chancelaram em suas declarações. Ela mesma se declarou católica e foi enfática ao afirmar que era contra o aborto.

Segundo a imprensa, a presidente indicou Eleonora Menicucci por ter sido sua companheira de luta armada durante a ditadura militar. Ora, então seria mais condizente que lhe arranjasse uma ocupação nas forças armadas, embora, por lá, a morte seja justificada por motivos mais nobres. Perdoem-me os partidários da presidente, mas, ao nomear Eleonora Menicucci para ocupar a pasta ministerial da Secretaria das Mulheres, não encontro outra palavra para qualificar sua atitude – entre todas que melhor podem traduzi-la – senão chamá-la de cínica.

Pois bem. Ontem, o povo católico – e creio, também, nossos irmãos evangélicos – se mobilizaram na rede social do twitter lançando a tag #contraoaborto. Foi uma resposta no melhor estilo cristão: sem ofensas ou impropérios. Porém, visou demonstrar com toda clareza a insatisfação dos cristãos brasileiros a esse aceno desleal de nossa dirigente em direção àqueles que pregam a cultura da morte nas políticas públicas voltadas para as mães e seus bebês nascituros.

Encerro. Embora a presidente tenha impingido uma derrota pontual – mas grave! – àqueles que lutam diariamente em prol da vida, isso não deve ser motivo para nos tirar a esperança. Cristão que é cristão, não enverga, mesmo na dor. Ainda que venha a sofrer, ele é capaz de lançar sobre esse sentimento um olhar de oportunidade; como se estivesse ali em favor de sua redenção; de seu resgate junto a Deus. Só um cristão é capaz de se alimentar da própria dor na convicção certeira de seu livramento.



Por Mino Neto





terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A previsibilidade de um governo de valores anti-cristãos

Ontem, postei um texto aqui e no blog do Tiba (Canção Nova),  denunciando as ‘prediletas’ da presidente Dilma para assumir a Secretaria de Políticas para as Mulheres como francas defensoras do aborto na Brasil. Pois bem, um dia após o artigo, o que era previsto se concretizou na escolha da presidente Dilma que recaiu sob a socióloga e ferrenha defensora do aborto, Eleonora Menicucci. Leiam o artigo postado hoje no blog do Reinaldo Azevedo da Veja On-line:


*

Eu gosto de sinceridade. Pago um preço alto por dizer o que penso, com sabem. A sinceridade na política é uma tolice? Pois é… Eu não sou político.  Leiam o que informa Bernardo Mello Franco, na Folha. Volto em seguida:

Amiga da presidente Dilma Rousseff desde a década de 1960 e sua colega de prisão na ditadura militar, a nova ministra Eleonora Menicucci, 67, promete defender a liberação do aborto à frente da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Socióloga, professora titular de Saúde Coletiva da Unifesp e filiada ao PT, ela assumirá o cargo na sexta-feira. Substituirá a também petista Iriny Lopes, que sai para disputar a Prefeitura de Vitória.
Menicucci integra o Grupo de Estudos sobre o Aborto e já relatou ter se submetido à prática duas vezes. Ontem, afirmou à Folha que levará sua convicção e sua militância na causa para o governo. “Minha luta pelos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres e a minha luta para que nenhuma mulher neste país morra por morte materna só me fortalece”, disse.Na campanha eleitoral de 2010, deu-se um evento fabuloso: Dilma Rousseff, então candidata do PT, notória defensora da “legalização” do aborto — ela empregava essa palavra —, mudou o discurso. Setores da imprensa armaram um escarcéu danado, acusando de “reacionários” todos aqueles que, ora vejam!, lembrassem as palavras da própria candidata.

A polêmica sobre o aborto marcou a corrida presidencial de 2010, quando José Serra (PSDB) usou o tema para atrair o voto religioso. Dilma, que já havia defendido a descriminalização da prática em duas entrevistas, disse ser “a favor da vida”, mas afirmou que não faria uma “guinada à direita” para se eleger. A nova ministra anunciou que fará uma gestão de continuidade. Citou como prioridades o combate à violência contra a mulher e à “feminilização da pobreza” e a preparação das feministas para a conferência Rio+20. Ela negou os rumores de extinção da secretaria, que circulavam desde o ano passado. “Digo isso como futura ministra. A secretaria continua com status de ministério e com muita força”, afirmou.
(…)

Voltei

Sim, meus caros! Material impresso por católicos conclamando os eleitores — católicos — a não votar em defensores do aborto foi apreendido. Pessoas foram presas por simplesmente portar um daqueles papéis. Era nada menos do que censura à liberdade de opinião. Os tais setores da imprensa aplaudiram o absurdo! Ninguém, no entanto, seria preso por imprimir um folheto que pedisse votos para defensores do aborto. Esse simples contraste dá conta da estupidez! E, no entanto, o aborto, ressalvadas os casos previstos em lei, é que é ilegal. Foi um momento de puro surrealismo político.

Pois bem! Dilma foi à Aparecida, escoltada por Gabriel Chalita, e passou a ser católica desde criancinha. Chegou até a declarar numa entrevista a Datena que era devota de Nossa Senhora. “De qual”, ele quis saber. Ela inventou uma santa nova: “Nossa Senhora de Forma Geral”… Mais: chamou a santa de a “nossa deusa”. Dilma inaugurava o paganismo católico.

Pois é… Agora a presidente escolhe para a Secretaria das Mulheres ninguém menos do que uma notória defensora do aborto, Eleonora Menicucci, que já confessou, sem que ninguém a tanto a obrigasse, ter se submetido à prática duas vezes. É claro que o cretinismo patrulheiro e fascistóide — os “fascistas do bem!” — já vão se arrepiar: “Vejam que absurdo escreve esse Reinaldo!” Absurdo por quê? Acho que Dilma estava enganando os eleitores, só isso. Ex-militante do grupo terrorista POC (Partido Operário Comunista), também Eleonora disse ter “muito orgulho e muita honra de ter sido presa política na luta contra a ditadura”.

Pois é… As palavras fazem sentido. Muitos se sentem honrados por ter lutado contra a ditadura. Eu mesmo lutei e acho isso honroso. Luto ainda contra outras formas de ditadura, como a de opinião. E continuo a achar honroso. Mas por que a prisão seria uma distinção honrosa? Fica parecendo que os que não foram presos são menos honrados. Não são, não! Até porque a democracia brasileira chegou pelas mãos dos que fizeram a luta pacífica contra o regime e queriam, de fato, democracia. Não era o caso nem de Dilma nem de Eleonora. Ou o Partido Operário Comunista assaltava bancos — ela mesma participou de ações assim — para instaurar no Brasil a democracia?

Podem urrar à vontade. Fato é fato. Lido com fatos.

Por Reinaldo Azevedo


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

As prediletas de Dilma preferem o Aborto

O jornal 'O Globo' de hoje informa que a presidente Dilma Rousseff deverá mudar, ainda esta semana, o comando da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Atualmente, o comando da secretaria é da titular Iriny Lopes que deverá sair em virtude da insatisfação da presidente com seu trabalho na pasta.

Eleonora Meniccuci Oliveira
Entre as favoritas de Dilma para substituir Iriny estão as petistas Eleonora Menicucci de Oliveira (socióloga) e a deputada carioca Inês Pandeló. Após o anúncio da imprensa, pesquisei no google os dois prováveis nomes para ocupar a pasta da Secretaria de Políticas para Mulheres. Ora, qual não foi a minha surpresa quando descobri que as duas são defensoras da legalização do aborto, sendo que a primeira é estudiosa e militante da causa abortista e ligada a diversas entidades do movimento feminista.


Inês Pandeló
As prediletas de Dilma para assumir o comando da Secretaria de Políticas das Mulheres são francas defensoras da legalização do aborto no Brasil. Acessando os links abaixo se pode ver a participação das prováveis ocupantes como autoras ou signatárias de documentos que sugerem a legalização do aborto no Brasil:

 

Eleonora Menicucci Oliveira:

 

OLIVEIRA, Eleonora Menicucci / VILLELA, W. V. / Carvalho, Rosalina - Aborto e Saúde Mental In: Direito de Decidir: Múltiplos olhares sobre o aborto. 1 ed.Belo Horizonte : Autêntica, 2008, v.01, p. 43-67.

 

OLIVEIRA, Eleonora Menicucci – Nosso Corpo nos Pertence >> http://www.tanianavarroswain.com.br/labrys/labrys7/liberdade/leo.htm

 

Inês Pandeló:

 

http://www.ipas.org/Publications/asset_upload_file16_5186.pdf


http://www.inespandelo.com.br/page/internaImprimir.asp?cod=603



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Igreja Católica é a Verdade que atravessa o tempo *

   "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Mt 24,35)    
Essa é a emocionante aventura da Ortodoxia [a Verdade da Igreja de Cristo]. As pessoas adquiriram o tolo costume de falar de ortodoxia como algo pesado, enfadonho e seguro. Nunca houve nada tão perigoso ou tão estimulante como a ortodoxia. Ela foi a sensatez, e ser sensato é mais dramático que ser louco. Ela foi o equilíbrio de um homem por trás de cavalos em louca disparada, parecendo abaixar-se para este lado, depois para aquele, mas em cada atitude mantendo a graça de uma escultura e a precisão da aritmética.

A Igreja em seus primeiros dias correu violenta e velozmente como qualquer cavalo de batalha; no entanto, é totalmente anti-histórico dizer que ela apenas cometeu loucuras apegando-se a uma única idéia, como um fanatismo vulgar. Ela curvou-se para a esquerda e para a direita, na medida exata a fim de evitar enormes obstáculos. Num dado momento ela abandonou o enorme vulto do arianismo, apoiado por todos os poderes deste mundo para fazer o cristianismo mundano demais. No instante seguinte ela estava se curvando para evitar o orientalismo, que o teria espiritualizado demais.

A Igreja ortodoxa nunca tomou a rota fácil ou aceitou as convenções; a Igreja ortodoxa nunca foi respeitável. É fácil ser louco; é fácil ser herege. É sempre fácil deixar que cada época tenha a sua cabeça; o difícil é não perder a própria cabeça. É sempre fácil ser um modernista; assim como é fácil ser um snob. Cair em qualquer uma das ciladas explícitas de erro e exagero que um modismo depois de outro e uma seita depois de outra espalharam ao longo da trilha histórica do cristianismo — isso teria sido de fato simples.

É sempre simples cair; há um número infinito de ângulos para levar alguém à queda, e apenas um para mantê-lo de pé. Cair em qualquer um dos modismos, do agnosticismo à Ciência Cristã, teria de fato sido óbvio e sem graça. Mas evitá-los a todos tem sido uma estonteante aventura [da Igreja Ortodoxia]; e na minha visão a carruagem celestial voa esfuziante atravessando as épocas. Enquanto as monótonas heresias estão esparramadas e prostradas, a furiosa verdade cambaleia, mas segue de pé.

G. K. Chesterton


* Título atribuído pelo blog a trecho extraído do livro "Ortodoxia", págs. 107/108, de G. K. Chesterton.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Campanha #RetrateSeDepJeanWyllys foi contra a Intolerância Religiosa



A Intolerância religiosa é uma atitude individual ou coletiva caracterizada pela incompreensão desrespeitosa das crenças religiosas de terceiros, seus princípios e práticas. Em muitos casos, resulta em perseguição religiosa. Atualmente, as religiões cristãs são as mais perseguidas em todo o mundo (África; Ásia; Países Comunistas: Coréia do Norte, China, Cuba, Vietnã; Países Islâmicos: Egito, Arábia Saudita, Irã e outros). Vejam a lista de 25 países, Aqui.

Aqui no Brasil (como diria a Ministra Eliana Calmon) já estamos ‘vendo a serpente nascer’ e não podemos nos calar! As ultimas declarações do Deputado Jean Wyllys e de seu partido (PSOL) - ideologicamente alinhados a filosofias politicas de vertente totalitária e ditatorial - ilustram perfeitamente a intolerância contra cristãos da religião católica, ao ponto de ofender seus membros com palavras graves e lamentáveis como “canalhas”, “medíocres”, “fanáticos” (ver Aqui).

Ora, se em pleno Estado Republicano um partido político (que representa todos seus membros) e um parlamentar, em especial, proferem tais xingamentos a um grupo religioso, sem nem mesmo temer eventuais consequências dos demais órgãos (legislativo e/ou judiciário) desse Estado que se declara ‘Democrático e de Direito’, só podemos inferir que não se trata apenas de um episódio isolado, mas de um método orquestrado. É uma demonstração contundente de que o respeito e a tolerância as crenças religiosas estão sendo olvidadas pelo Estado e, portanto, esquecida também está a Constituição Federal.

Por outro lado, esse episódio que nos é apresentado, ilustra muito bem que tipo de país o Sr. Jean Wyllys e sua agremiação partidária (PSOL) sonham para o povo brasileiro e, em especial, para nós, povo católico.

Encerro para dizer da minha satisfação que (creio) é a de todos que testemunharam a campanha de ontem com a tag #RetrateSeDepJeanWyllys. Foi uma demonstração de unidade do povo católico e, ao mesmo tempo, exemplo de apreço pela democracia e pela civilidade. Coincidência ou não, amanhã, dia 21/01/2012, é o Dia de Combate a Intolerância Religiosa.

Parabéns, Povo Católico!


Por Mino Neto.  


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

De qual ‘ameaça à humanidade’ estamos falando?




Na semana passada, o circuito de discussão católico nas redes sociais foi dominado pelas ofensas do Deputado e ativista gay, Sr. Jean Wyllys, contra uma suposta declaração – melhor dizendo: uma não declaração (ver Aqui) – do Papa Bento XVI de que o casamento gay seria uma “ameaça à humanidade”. Este artigo não irá tratar de responder as declarações do deputado, haja vista considero-as magistralmente respondidas – e sem qualquer prejuízo em virtude do uso da linguagem em tom irreverente - pelo blog ‘O Catequista’ (ver Aqui). Sendo assim, tratarei do assunto sob outra ótica: o Magistério da Igreja (que sempre orientou a seus membros para o dever do respeito e do amor a pessoa homossexual) e a zona de tensão criada pelo ativismo gay que quer, a todo custo, impor a sociedade sua agenda cultural fundada em ‘valores da cultura gay’.

Os grupos de ativismo gay, reiteradamente, alegam que a Igreja mantém um discurso intolerante e que atenta contra a esfera da dignidade dos homossexuais. Ocorre, porém, que o que eles chamam equivocadamente de ‘discurso contra a dignidade dos homossexuais’, em verdade, é a orientação da Igreja aos seus fiéis para a defesa dos preceitos da moral cristã. Vale dizer, regras que constituem o arcabouço moral do cristianismo. É a moral cristã ditada pela Igreja de Cristo aos seus membros. Não se trata de ‘discurso’, muito menos, de preconceito!

Notem que não assistimos - ao menos com a mesma frequência que vemos nos grupos de ativistas gays -, impropérios por parte de grupos heterossexuais contra a Igreja ou seus membros por difundirem orientações, tais como: a prática do sexo somente no matrimonio entre um homem e uma mulher; restrições ao uso do preservativo nas relações sexuais; monogamia e fidelidade conjugal e extra-conjugal, etc. Ofensas virulentas, em geral, só encontramos por parte dos  ativistas gay's, o que me faz pensar que esses grupos são, de fato, o que há de mais intolerante, fundamentalista e perigoso dentro da Sociedade Civil Organizada.

Outra questão a ser desmistificada é a de que a Igreja encampa uma luta contra direitos estendidos a pares homossexuais que têm vida em comum. É uma mentira! Há muito tempo o Estado vem reconhecendo direitos de ordem previdenciária (p. ex: pensão por morte) e sucessória (p. ex: herança) a homossexuais que vivem em união de fato. A Igreja nunca levantou questão quanto a essas conquistas dos homossexuais. Pôs-se contra a legalização do casamento gay em virtude do seu reconhecimento como entidade familiar e, por conseguinte, do direito a adoção de crianças. A Igreja entende que isso contraria as leis naturais, além de subverter princípios do cristianismo. Isso é um direito que lhe assiste num Estado laico e democrático.

A Igreja Católica nunca perseguiu homossexuais, nem fora, nem dentro de sua instituição. Seu catecismo reflete essa verdade. Vejamos o que diz:

"No que respeita às tendências homossexuais profundamente radicadas, que um certo número de homens e mulheres apresenta, também elas são objectivamente desordenadas e constituem frequentemente, mesmo para tais pessoas, uma provação. Estas devem ser acolhidas com respeito e delicadeza; evitar-se-á, em relação a elas, qualquer marca de discriminação injusta. Essas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que possam encontrar."[4]

O Magistério da Igreja tem sido reiterado nesse sentido, sem apelar para qualquer inovação demagógica ou destoante dos princípios cristãos. A mesma orientação é reproduzida em seus ‘critérios vocacionais para o sacerdócio’, mais precisamente, no tópico sobre ‘A homossexualidade e o ministério ordenado’. Vejamos:

“[Não serão admitidos] ao Seminário e às ordens sacras aqueles que PRATICAM o homossexualismo, apresentando tendências homossexuais PROFUNDAMENTE RADICADAS ou DEFENDEM a chamada cultura gay", por outro lado, a Igreja reconhece que essas tendências homossexuais arraigadas “constituem frequentemente, mesmo para tais pessoas, uma provação”. MAS que essas pessoas “devem ser acolhidas com respeito e delicadeza” e “evitar-se-á, em relação a elas, qualquer maneira de discriminação injusta.”

Ao final do tópico, o documento deixa claro que o fato de ter tendências homossexuais, por si só, não fará o candidato ser alijado sumariamente de suas pretensões ao sacerdócio. Vejamos o que diz:

“DIVERSAMENTE, no caso de se tratar de tendências homossexuais que sejam APENAS EXPRESSÃO DE UM PROBLEMA TRANSITÓRIO como, por exemplo, o de uma adolescência ainda não completa, elas devem ser CLARAMENTE SUPERADAS, pelo menos TRÊS ANOS ANTES DA ORDENAÇÃO DIACONAL.”

Quanto ao posicionamento da Igreja em relação ao reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, a Santa Sé emitiu a seguinte declaração:

"Nas uniões homossexuais estão totalmente ausentes os elementos biológicos e antropológicos do matrimónio e da família, que poderiam dar um fundamento racional ao reconhecimento legal dessas uniões. Estas não se encontram em condição de garantir de modo adequado a procriação e a sobrevivência da espécie humana. A eventual utilização dos meios postos à sua disposição pelas recentes descobertas no campo da fecundação artificial, além de comportar graves faltas de respeito à dignidade humana, não alteraria minimamente essa sua inadequação." (...)

E arremata, discorrendo sobre adoções de crianças por pessoas que integram uniões homossexuais:

"Como a experiência confirma, a falta da bipolaridade sexual cria obstáculos ao desenvolvimento normal das crianças eventualmente inseridas no interior dessas uniões. Falta-lhes, de facto, a experiência da maternidade ou paternidade."

Ora, esses são exemplos incontestáveis de que as restrições da Igreja a união de homossexual não são fundadas apenas em princípios cristãos, mas, também, em fatores biológicos, antropológicos, sociológicos, etc. A Igreja não discrimina homossexuais, pura e simplesmente, por serem... homossexuais! A Igreja de Cristo sabe que o pecado é imanente ao ser humano; tanto quanto reconhece - e está atenta - às dúvidas científicas que pairam sobre a causa originária da homossexualidade. Jamais irá pregar o ódio e o preconceito contra essas pessoas. Muito pelo contrário, quer acolhê-las no amor desmedido de Jesus. A Igreja é Santa, mas, também, reconhece que é, por excelência, uma comunidade de pecadores em comunhão com o Cristo. 

Por outro lado, a Igreja também não quer uma comunidade de pecadores hipócritas que se deixa guiar ao sabor dos ventos do relativismo e da conveniência moral e, por isso, deixa claro aos seus membros – candidatos ao sacerdócio ou não; com ou sem tendências homossexuais transitórias (ou não) – que devem superar as adversidades do seu ser; as fragilidades d’alma corrompida para, então, viver uma vida em perfeita comunhão com o Cristo Jesus.

O critério de uma vida sexual, conforme os preceitos cristãos, é o mesmo para qualquer católico, seja heterossexual ou homossexual, a saber: renunciar ao cultivo de hábitos que levem a uma vida sexual desregrada. No caso dos leigos, aponta-se para uma vida de castidade ou da prática sexual dentro do matrimonio constituído entre um homem e uma mulher. No caso dos sacerdotes ou de candidatos ao sacerdócio junto a Igreja – em regra* -, uma vida celibatária.

Quanto as críticas por parte de alguns ativistas pela tipificação da prática homossexual como ato pecaminoso, particularmente, desconfio que não seja um temor por conta de possíveis consequências no plano espiritual, mas, com certeza, porque o cristianismo difunde e forma convicção entre os que creem no Verbo de Cristo que a prática homossexual é um pecado, o que para os ativistas será sempre um obstáculo a seus projetos de difundir e impor a cultura gay as novas gerações. Portanto, difundir o cristianismo hoje em dia, se tornou um entrave ao projeto de expansão da cultura gay promovida por esses ativistas e, por isso, a guerra para destruir a Igreja e o cristianismo.

A mesma coisa pode-se dizer da reação desses ativistas em relação a estudos científicos sobre possibilidades terapêuticas e tratamentos para inibir ou superar tendências homossexuais. Esses estudos tem enfrentado forte oposição desses ativistas. Ao que tudo indica, querem impedir a normatização científica de que a homossexualidade é um fenômeno incomum na espécie humana. O ser humano é acometido de diversas disfunções. Ora, buscar um tratamento - frise-se: que respeite a dignidade humana -, não pode gerar qualquer problema, a não ser aos olhos de certos ativistas que mais parecem preocupados em garantir uma reserva de mercado para a causa gay e viver da garantia do dinheiro público para suas ONG’s e para suas campanhas milionárias.

Enfim, a luta dos ativistas gay’s se transformou num projeto para impor uma agenda cultural e  difundir o homossexualismo como uma prática comum entre os seres humanos. Talvez seja esse o motivo mais evidente porque o Papa Bento XVI jamais diria que o casamento gay, por si só, ‘ameaça a humanidade’, já que difusão da ‘cultura gay’ e da prática do homossexualismo como algo a ser acolhido e adotado naturalmente pelas gerações futuras - isto sim! - representa uma 'ameaça à humanidade'!


Por Mino Neto.



Notas:


1) Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras.
2) Carta Homosexualitatis problema(n. 3)
3) Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais – Homosexualitatis problema
4) Cf. Congregação Para a Educação Católica: A memorandum to Bishops seeking advice in matters concerning homosexuality and candidates for admission to Seminary (9 de Julho de 1985)